sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Estação Digital é inaugurada em associação indígena

Por Larissa Leite

A unidade de Informática irá beneficiar 10 etnias indígenas do Amapá e Pará, que somam cerca de 7 mil habitantes. A estação integra o Programa de Inclusão Digital da Fundação Banco do Brasil
 Os povos indígenas do Amapá e Pará já contam com um aliado na sua integração com a realidade sócio-econômica local, indissociável das recentes inovações tecnológicas. Nesta sexta-feira (4/12), acontece a inauguração da Estação Digital da Apitikatxi (Associação dos Povos Indígenas Tiriyo, Kaxuyana e Txikuyana). Apesar da entidade representar oficialmente três etnias, a estação estará disponível às 10 etnias da região, que totalizam cerca de 7 mil habitantes (2003). Os equipamentos estarão à disposição dos indígenas para uso individual ou em grupo, em tempo integral. A expectativa é de que, com a estação digital, eles tenham acesso à formação em Informática, o que significa mais chances no mercado de trabalho. A estação teve um investimento de R$ 39,7 mil, feito pela Fundação Banco do Brasil, por meio do Programa de Inclusão Digital.
A Estação Digital da Apitikatxi conta com 10 computadores, 10 web cams, 10 fones de ouvido com microfone, uma impressora, além de mesas, cadeiras, armários e quadros, entre outros itens. Conta, ainda, com internet paga por seis meses e assessoria de dois educadores sociais capacitados a ensinar tanto sobre as partes físicas do computador (CPU, monitor, armazenamento de dados, etc), quanto sobre ferramentas digitais como aplicativos de edição de textos, planilhas eletrônicas e internet. A previsão da associação é de que, em um ano, a estação possa capacitar 10 membros da Diretoria da Apitikatxi; e trinta jovens e adultos - entre estudantes indígenas, professores indígenas, agentes indígenas de saúde e de saneamento, guarda-parques indígenas e outros profissionais indígenas que moram ou transitam em Macapá (sede da Apitikatxi).
Para o presidente da associação, Juventino Kaxuyana, a estação representa a oportunidade de agregar mais competitividade profissional aos indígenas. "A utilização da Estação Digital com certeza oportunizará muitos indígenas a se inserirem no mercado de trabalho e, principalmente, irá contribuir para melhoria das condições econômicas, sociais, culturais e políticas das comunidades do Amapá e norte do Pará, por meio do acesso as tecnologias de informação e de comunicação", enfatizou o presidente. Segundo Juventino, existe pouca oferta de cursos de Informática aos povos indígenas. Os que existem não costumam contemplar efetivamente suas necessidades específicas. Dessa forma, a estação busca oferecer não só a inclusão digital, como também uma ferramenta de promoção da igualdade de oportunidades para os povos tradicionais.

Curso de Gestores
A Estação irá beneficiar, no período de um ano, 30 alunos do Curso de Formação de Gestores (Indígenas) de Projetos Indígenas do Amapá e Norte do Pará. O curso é responsável por formar quadros de recursos humanos indígenas para atuarem junto às suas respectivas comunidades. Eles passam a ser responsáveis por elaborar, executar e gerenciar projetos junto aos seus povos. A intenção é diminuir a dependência da aldeia em relação aos não-índios. A primeira turma do curso, composta por 30 alunos e cinco ouvintes, começou em outubro de 2008 e terá uma formatura em março de 2010. Esse projeto também é apoiado pela Fundação Banco do Brasil, além do Ministério do Meio Ambiente, Associação dos Povos Indígenas Wajãpi do Triangulo do Amapari (Apiwata) e pelo Programa Integrado de Ações Sócio-Ambientais da Amazônia Oriental (Parceiro).

Apitikatxi
A Associação dos Povos Indígenas Tiriyo, Kaxuyana e Txikuyana (Apitikatxi) foi fundada em 2004, com finalidade de congregar indígenas para estudar, pesquisar e resgatar a cultura. Além disso, a entidade realiza parcerias com instituições para desenvolver projetos para melhorar a qualidade de vida das etnias representadas. Atualmente, elas somam aproximadamente 1.300 indígenas, distribuídos em vinte e seis (26) aldeias. A Apitikatxi é uma das mais novas das associações indígenas do Amapá e Norte do Pará. No entanto, já vem desenvolvendo alguns projetos e convênios desde sua criação, como o Fortalecendo Novas Aldeias do Tumucumaque Oeste.
A Terra Indígena do Parque do Tumucumaque compreende uma área de 3.071.067ha, abrangendo os municípios de Almerim, Óbidos, Oriximiná, Monte Alegre e Alenquer, todos pertencentes ao estado do Pará. Possui uma pequena parte de sua área na região noroeste do estado do Amapá, abrangendo o município de Laranjal do Jarí. Os Povos indígenas Tiriyo, Kaxuyana e Txikuyana concentram-se na faixa ocidental da Terra Indígena Parque de Tumucumaque, ao longo dos rios Paru de Oeste e Kuxaré.
O estado do Amapá e o norte do Pará possuem cinco terras indígenas, que abrigam 10 etnias indígenas. Esses povos mantêm, há pelo menos três séculos, relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais entre si. As atividades produtivas de vários povos da região estão ligadas aos rios, usados para chegar às áreas de caça, de roça, às aldeias vizinhas e cidades, além da pesca. A desova do pirarucu é protegida e é proibida a caça ao jacaré. Os povos que ali vivem pescam utilizando arco, flecha, arpão, a ponta e a zagaia. Além das trocas entre si, eles comercializam produtos fora da terra indígena. A produção local nas roças é farta, mas a caça vem se tornando escassa. A população dos povos da região teve um aumento significativo: em 1983, foram contabilizados 3.500 habitantes (CEDI, 1983) e, em 2003, os dados apontaram 7.150 indígenas.



Serviço
Inauguração da Estação Digital da Apitikatxi
Data: 04/12
Local: Av. Jovino Dinoa, N° 670, Bairro Jesus de Nazaré, Macapá (Amapá), Telefone: (96) 3217-2024

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