Carlos Lima, jornalista - 13/02/2010
A sociedade brasileira, ao longo do tempo, foi instigada a pensar em sensacionalismo como algo repugnante e extremamente prejudicial à opinião pública. Por isso, muitos criticam a forma com que as notícias são veiculadas em certas empresas da comunicação no Brasil. A sugestão apresentada, aqui, nos remete a entender que esse é o tipo de trabalho que choca e afeta a sociedade positivamente.
O sensacionalismo afeta não somente no sentido de buscar maiores volumes de vendas ou maior audiência, nem tão pouco de fabricar notícias e aumentar um fato que não tenha aspectos sensacionais. O sensacionalismo afeta a ponto de provocar mudanças no comportamento das pessoas. A forma como são transmitidas sensações aos telespectadores e leitores é a chave de tudo. As sensações manipuladas com uma ou duas frases de impacto, clichês ou até mesmo com o complexo detalhe de uma imagem é que vai diferenciar os bons sensacionalistas dos “não tão bons”.
Os bons são os que conhecem e sabem usar as armas capazes de construir ou destruir ideologias para o bem. Os não tão bons são os que entendem e usam o sensacionalismo como sinônimo de inverdades, de notícias mal investigadas ou boatos. Eis uma questão: é possível enveredar por caminhos sensacionalistas sem esquecer os conceitos de ética e moral? Sim! Isso vai depender dos nossos valores de vida.
O sensacionalismo não serve exclusivamente para tornar seres humanos em monstros capitalistas e não nos faz esquecer valores fundamentais, nem nos afasta da religião. O sensacionalismo é uma questão mundial, que no Brasil acabou sendo transformado em instrumento da competição. Mas ser entendermos como a capacidade de manipular sensações sem necessariamente ser leviano e sem usar de inverdades, será possível construir uma nova postura e uma nova ideologia no mundo da comunicação.
O sensacionalismo nada mais é do que um apelo aos sentimentos mais profundos de afetividade e amor ao próximo. Até mesmo o horror, o temor e o repúdio aos fatos escabrosos que são noticiados, também são frutos do apelo às emoções, ao invés de apelo à razão, razão esta que nos mantém nesse mundo político hostil e inescrupuloso: o mundo da ambição, da mentira e muitas vezes da desordem, o mundo da droga e da violência urbana. Sensacionalismo simplifica polêmicas.
Não interessa só aquilo que o veículo diz, mas, sobretudo, a forma como se diz. Isso é sensacional.
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